Pra quem vive, há profundidade, perigo. É capaz de conhecer seus limites, seu movimento incansável. Suas nuances, suas belezas e mistérios. Mas na foto o mar é plano, estático, óbvio. O fotógrafo é egoísta, aprisiona o mundo. Basta uma foto e o mar perde o viço. Sua essência é a mesma, mas naquele momento, nas mãos de um qualquer, é apenas mais uma falsa recordação. Uma linda imperfeição. A natureza descontrolada foi domada e desconfigurada. Mas sua essência é imutável e basta outra foto. Click. Outro mar, outros juízos...
E assim o qualquer e o tempo passam...
Me levam estática e prisioneira. Ou acreditam nisso. Na verdade, levaram um momento meu. Eu estou livre, em movimentos incansáveis, seduzindo mais um qualquer para me levar pra casa em uma foto - apenas um momento -, mas não em alma... Será alguém capaz de enxergar além das lentes, entregar sua própria alma ao mar e lançar-se sem pretender recordações? Lembranças pertencem a quem vive e não a quem pretende viver.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
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