sexta-feira, 5 de março de 2010
Olhos da cidade
Olhos da cidade não perdoam. Olhos famintos que não deixam escapar nada, ninguém sai ileso, ninguém sai íntegro. Olhos de desprezo cruzam com os de desespero e, apesar de irmãos, não se reconhecem. Olhos cruéis de medo e desejo, olhos famintos. São olhares fatais e silenciosos que matam, sem dó, qualquer esperança. Olhos de desprezo são lindos, olhos lindos de dor. A beleza nada tem a ver com bondade, a beleza é externa e cruel. Olhos famintos pedem ajuda, mas os outros olhos não vêem. Olhos da cidade são sujos e são lindos quando sujos.
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