segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Apagão ideológico
Adeus representatividade popular. A nossa IGeneration caracteriza não só o individualismo social mas principalmente o egoísmo político. Na verdade não sei se a falta de representatividade popular é uma Era que vivemos ou um mal que ronda nossa política desde remotos tempos. Dizer que não há mais ideologia política é cair no clichê e até injusto com uns poucos que, pelo menos antes de alcançar o poder, ainda mantêm um discurso ideológico sem cair no patético populismo. Queria eu ver o povo na rua declarando seu voto, convocando companheiros em grito de certeza e esperança. Queria eu gritar o meu voto! Encontrar um candidato que faça jus a estas duas palavras é difícil: Certeza e Esperança. Difícil também é se sentir representado de fato por algum candidato. Não sei se pela superficialidade das campanhas eleitorais, pelo desinteresse da imprensa em esclarecer de maneira direta os perfis do cenário eleitoral ou se é de fato a ausência de representatividade política. A realidade é: Não há um candidato até o presente momento nas eleições de 2010 que tenha em seu discurso, direcionado a voz ao povo de forma a representar a sociedade ou parcela dela efetivamente. O que mais se vê e escuta são discursos ridiculamente pautados em aspectos gerais da população brasileira ou direcionados a um grupo social, mas visando interesses eleitoreiros apenas. Não se aprofundam velhos assuntos delicados, não se defendem causas, não se esclarecem posições políticas. E a nossa ignorância gosta desse discurso fácil, malandro, que inclui os pobres, os médios e os ricos no mesmo saco, igualando interesses, ou pior: igualando importâncias políticas dessas camadas sociais. Como se a palavra igualdade tivesse espaço na história política e social do nosso país. Não tem! Tem-se no máximo a ilusão da igualdade que criamos para dar um cala boca ao povo. E o povo engoliu, talvez por isso não consiga gritar. O papel político deixou de ter valor coletivo e ideológico, agora os cargos estão tomados por funcionários públicos desinteressados pelo real funcionalismo do sistema público. Eles querem o poder pelo poder. Eles querem o poder pelo dinheiro. O antigo sonho de se tornar jogador de futebol deu lugar ao desejo de se tornar qualquer coisa na política - alguns desejam os dois, como vemos por ai. “O que quer ser quando crescer?” “Político! Ser qualquer coisa lá me Brasília, ué! Quer vida melhor do que essa?”. É ta feia a coisa, meu caro. O apagão ideológico está presente nos mínimos detalhes desta campanha eleitoral. Vemos bandeiras pelas ruas, vemos muitas por sinal, mas me diz quem é que sabe que bandeira está levantando? Tem quem ande de bicicleta pela orla carregando cartazes, tem quem distribua santinhos pelas ruas e vê isso apenas como oportunidade de ganhar um dinheirinho extra. Não há o mínimo constrangimento em levantar uma bandeira da qual não se conhece as intenções, não há o mínimo receio em vestir a camisa de candidatos os quais não se acredita. Tudo isso fruto do colapso ideológico que vivemos. Mal sabem eles que pagaremos caro por isso. Nós, eleitores, estamos perdendo a sensibilidade política; eles, candidatos, estão perdendo a representatividade política. Caminho sem luz, sem volta e sem rumo que estamos tomando. É preciso, e possível, repensar o caminho que devemos seguir!
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
abuse
O silêncio diz mais. Muito mais que as palavras. Os sintomas da solidão me fazem explorar o eu com a maior profundidade já percebida. E é nessa agressiva cobrança que encontro a sutil resposta. A resposta sem palavras, digo, a resposta visual. O meu visual interno de imagens confusas, sombrias, multisemânticas, um caleidoscópio compreensivelmente incompreensível. Sou eu. Uma delas, ou algumas delas. Não todas. Amo os meus Eu como nunca amei, amo os meus Eram e num misto de delicia e receio amo meus Serei. É como se eu me bastasse por não me entender, e assim só me experimento. Na verdade é exatamente isso. Sem a prisão da certeza posso controlar a mim mesma. E controle é liberdade. Controlar meu Eu é inexplicavelmente alucinante. Como uma droga de danos irreversíveis. Já não sou mais a mesma e vivo para isso. Mudança constante em infinitas dimensões. Na insignificância da vida material reconheço a grandeza espiritual que habito. Sons, imagens, toques, mãos, muitas mão e energia. Quero ser explorada por mim e por todos. Pode abusar de mim, eu deixo, eu quero e admiro. Abusemos de mim.Corpo:Carne desprezível pela podridão que não consegue esconder, carne admirável como instrumento do eu.
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