quinta-feira, 16 de setembro de 2010

abuse

O silêncio diz mais. Muito mais que as palavras. Os sintomas da solidão me fazem explorar o eu com a maior profundidade já percebida. E é nessa agressiva cobrança que encontro a sutil resposta. A resposta sem palavras, digo, a resposta visual. O meu visual interno de imagens confusas, sombrias, multisemânticas, um caleidoscópio compreensivelmente incompreensível. Sou eu. Uma delas, ou algumas delas. Não todas. Amo os meus Eu como nunca amei, amo os meus Eram e num misto de delicia e receio amo meus Serei. É como se eu me bastasse por não me entender, e assim só me experimento. Na verdade é exatamente isso. Sem a prisão da certeza posso controlar a mim mesma. E controle é liberdade. Controlar meu Eu é inexplicavelmente alucinante. Como uma droga de danos irreversíveis. Já não sou mais a mesma e vivo para isso. Mudança constante em infinitas dimensões. Na insignificância da vida material reconheço a grandeza espiritual que habito. Sons, imagens, toques, mãos, muitas mão e energia. Quero ser explorada por mim e por todos. Pode abusar de mim, eu deixo, eu quero e admiro. Abusemos de mim.Corpo:Carne desprezível pela podridão que não consegue esconder, carne admirável como instrumento do eu.

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