quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Anos engordurados

“Imagino-me procurando um lugar para almoçar: decidi levar uma vida mais saudável, procuro por um restaurante de comida natural! Que faça bem ao meu organismo, que contribua para o funcionamento do meu corpo, que não seja tão caro, quem sabe. Mas, de repente, a logo do Mcdonalds aparece na minha frente me dizendo que eu amo muito tudo aquilo, e as figuras coloridas das comidas gordurosas, imperialistas e de péssima digestão me chamam atenção. Me chamam muita atenção! Eu juro que queria comer uma comida natureba, minha intenção era realmente essa! Juro! Mas não dá, já faz parte de mim, e quer saber? Eu sempre comi Mcdonalds e estou vivinha até hoje. Talvez eu até ame tudo isso mesmo e essa onda de ser natural seja só moda. Um dia só não faz diferença! Embora seja verdade que não ando tão bem da saúde e que minhas taxas estão desreguladas e que mais uma vez faz sim toda diferença ... na verdade, a saúde vai péssima!” O horário eleitoral já começou e eu fico aflita, muito aflita mesmo. Não só pelo formato oldfashion o qual os candidatos se apresentam mas por eu assistir àquilo sentadinha no meu sofá. Ah, é assustador também ver a Dilma numa TV de 40 polegadas, mas a imagem fica pequena quando as palavras começam a tomar a forma do poder que as proferem. Formas feias, sinuosas, agressivas e imponentes com a estúpida intenção de seduzir quem está em casa. Formas destorcidas descaradamente, como se não fossemos capazes de perceber que há um certo photoshop na realidade que vivemos diariamente. Comercializaram as eleições! Agora é bem fácil distinguir os partidos só pela forma e pelo budget das propagandas. Dá pra perceber quem é o Mcdonalds. Nós, desprovidos de educação política, desprovidos de bons exemplos de vida pública, nos deixamos enganar por uma bela propaganda. Por uma logo vermelha. Uma logo que dá fome, até! Aí mora o perigo. É bem verdade que em todo fast-food há um cardápio mais saudável e digerível, mas perto das deliciosas e tentadoras gordinhas e salgadinhas batatas fritas, a salada não tem espaço; se tornam praticamente invisíveis.
Minha intenção não é fazer com que as pessoas parem de comer no Mcdonalds, mas sim que elas tenham consciência de que elas são o que elas comem, assim como o país é o reflexo da sociedade, assim como os governantes são o que escolhemos. Não adianta reclamar da saúde, das taxas desreguladas e muito menos se livrar da culpa. Nós escolhemos digerir mais 4 anos de Mcdonalds; faça bem ou mal, a escolha é nossa.

Um comentário:

  1. não sei pq mas acho que eu tive influência na construção deste texto! HAUHAUHAUAHUA.. tá ótimo, Camylinha!!

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