terça-feira, 26 de outubro de 2010

Insaciável

O futuro me caça, me procura, me persegue. Corre. O destino digno é ponteiro tresloucado e não espera. O meu destino tem complexo do Ser perecível – não teve tempo para aprender que validade não vale para quem corre contra o tempo. Ponteiros desregulados apontam para onde querem, fazem das datas reféns. Acalma-te, já não sabes pra onde vai, pra onde vou. Te encontro em alguma esquina: cruzamento do acaso da vida e o meu caso de vida. Porque eu corro também, mas atrás de qualquer destino. Preferência exigiria certeza e certeza aprisiona. Sedenta e perdida: digna. Quando ando caçando o futuro com passos previsíveis eu fico mais distante do destino porque quem espera imóvel ganha rugas; futuro previsto já nasce velho. Então ando sem bússola, porque assim cruzo com o inevitável. Corro. Meu destino é esboço de rabiscos e riscos – e passos largos -, com tentativas frustradas de reparos, porque meu destino é flecha.Corre.É vulto.
Então cruzo com um qualquer. Sedenta. Alucinada. Rabiscando o futuro.
É assim. Hoje temos sede, amanhã temos sede e cicatrizes. E depois teremos mais cicatrizes, e mais sede.

Um comentário:

  1. "Então eu corro demais
    Sofro demais
    Corro demais só pra te ver meu bem
    E você ainda me pede
    Para não correr assim
    Meu bem eu não suporto mais
    Você longe de mim
    Por isso eu corro demais
    Sofro demais
    Corro demais"

    Roberto Carlos

    me lembrou.

    ResponderExcluir