segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Quatro cantos e o engano

São rostos enquadrados, quadros com molduras como daquelas prontas pra serem expostas. Meticulosamente pensadas para não decepcionarem nenhum pagante, visitante mais exigente.É bonito, verdade. Acompanho os quatro cantos, vértice, aresta, vértice..Me distraio,quase me apaixono.. Mas meu olhar escapa e eu encontro um nada. Penso que esqueceram de colocar a obra de arte, o começo de tudo, a história, a razão da moldura..Procuro desesperadamente por todas as paredes algum conteúdo que justifique a moldura. As mais lindas molduras, feita das mais delicadas mãos, e as mais caras também. Expostas na mais elegante galeria de arte, vistas pelas pessoas, supostamente, mais interessadas em obras de arte. Quanto engano! Imagino se não há mais obras de arte no mundo em que vivo, ou se existe onde estão escondidas ? Só lindas molduras, sedutoras finalizações de um começo que não existe, apagado pela beleza envolvente do ouro, das curvas ... Só molduras, em todas a paredes. Eu ali no meio de tanto engano, atravesso os corredores, penso não ter escapado, já ter me tornado só moldura... Me assusto com o espelho, mais uma moldura.

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