Entre nós os pudores cínicos que criamos nos aprisionam ao quase. O medo de se entregar e se machucar me apavora e é só nisso que eu penso quando eu não consigo dizer que é com você que eu quero ser mais eu. Entre nós tem um muro cruel que não proíbe o toque, mas inibe a fala e o olhar sincero, destemido - louco pra te invadir, vulgarmente te despir...
Visualizo entre suas tripas o meu amor te expandindo, limpando suas entranhas, curando suas inseguranças, abrindo a sua mente e te libertando: Ilusão. Ficamos, então, na eminência do amor porque não amamos. A ausência da prática do amor entrava os músculos e impossibilita o abraço sincero, o roçar da língua deliciada. Esse amor pela metade, o amor que se limita a um só, não em interessa. Quero amar junto.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
Meus olhos
A paisagem, hoje, acordou diferente. Meus olhos captaram mensagens antes implícitas e embaçadas, hoje escancaradas, claras, muito nítidas.Enxergou mentes clareadas pelo sol do feriado bonito, falas leves que o vento levou a ouvidos dispostos. Mensagens que chegaram a corações desarmados. Desarmados e preparados para um novo pulso. Meu coração recebeu uma nova mensagem, na verdade uma nova freqüência. O que os olhos já haviam encontrado em dias passados, agora chegou ao coração. Aqueceu o espaço frio e esquecido que me pertencera momentaneamente. Já não me importava o que se falava, mensagens bonitas de palavras bem ditas ou o nome dele. José eu já amava, Caio eu já me encantava. E se fosse Manoel eu também já estaria apaixonada. Era a conversa dos olhos, mensagem sem desvios, sem palavras mal colocadas. Era uma conversa íntima, com a distancia exata de corpos estranhos na eminência do primeiro toque. Olhares de rotina entre os olhos dele, que agora meus entram em meus que agora dele. Meu, dele, nosso. Um. Já não importa José, Caio ou Manoel.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Insaciável
O futuro me caça, me procura, me persegue. Corre. O destino digno é ponteiro tresloucado e não espera. O meu destino tem complexo do Ser perecível – não teve tempo para aprender que validade não vale para quem corre contra o tempo. Ponteiros desregulados apontam para onde querem, fazem das datas reféns. Acalma-te, já não sabes pra onde vai, pra onde vou. Te encontro em alguma esquina: cruzamento do acaso da vida e o meu caso de vida. Porque eu corro também, mas atrás de qualquer destino. Preferência exigiria certeza e certeza aprisiona. Sedenta e perdida: digna. Quando ando caçando o futuro com passos previsíveis eu fico mais distante do destino porque quem espera imóvel ganha rugas; futuro previsto já nasce velho. Então ando sem bússola, porque assim cruzo com o inevitável. Corro. Meu destino é esboço de rabiscos e riscos – e passos largos -, com tentativas frustradas de reparos, porque meu destino é flecha.Corre.É vulto.
Então cruzo com um qualquer. Sedenta. Alucinada. Rabiscando o futuro.
É assim. Hoje temos sede, amanhã temos sede e cicatrizes. E depois teremos mais cicatrizes, e mais sede.
Então cruzo com um qualquer. Sedenta. Alucinada. Rabiscando o futuro.
É assim. Hoje temos sede, amanhã temos sede e cicatrizes. E depois teremos mais cicatrizes, e mais sede.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Apagão ideológico
Adeus representatividade popular. A nossa IGeneration caracteriza não só o individualismo social mas principalmente o egoísmo político. Na verdade não sei se a falta de representatividade popular é uma Era que vivemos ou um mal que ronda nossa política desde remotos tempos. Dizer que não há mais ideologia política é cair no clichê e até injusto com uns poucos que, pelo menos antes de alcançar o poder, ainda mantêm um discurso ideológico sem cair no patético populismo. Queria eu ver o povo na rua declarando seu voto, convocando companheiros em grito de certeza e esperança. Queria eu gritar o meu voto! Encontrar um candidato que faça jus a estas duas palavras é difícil: Certeza e Esperança. Difícil também é se sentir representado de fato por algum candidato. Não sei se pela superficialidade das campanhas eleitorais, pelo desinteresse da imprensa em esclarecer de maneira direta os perfis do cenário eleitoral ou se é de fato a ausência de representatividade política. A realidade é: Não há um candidato até o presente momento nas eleições de 2010 que tenha em seu discurso, direcionado a voz ao povo de forma a representar a sociedade ou parcela dela efetivamente. O que mais se vê e escuta são discursos ridiculamente pautados em aspectos gerais da população brasileira ou direcionados a um grupo social, mas visando interesses eleitoreiros apenas. Não se aprofundam velhos assuntos delicados, não se defendem causas, não se esclarecem posições políticas. E a nossa ignorância gosta desse discurso fácil, malandro, que inclui os pobres, os médios e os ricos no mesmo saco, igualando interesses, ou pior: igualando importâncias políticas dessas camadas sociais. Como se a palavra igualdade tivesse espaço na história política e social do nosso país. Não tem! Tem-se no máximo a ilusão da igualdade que criamos para dar um cala boca ao povo. E o povo engoliu, talvez por isso não consiga gritar. O papel político deixou de ter valor coletivo e ideológico, agora os cargos estão tomados por funcionários públicos desinteressados pelo real funcionalismo do sistema público. Eles querem o poder pelo poder. Eles querem o poder pelo dinheiro. O antigo sonho de se tornar jogador de futebol deu lugar ao desejo de se tornar qualquer coisa na política - alguns desejam os dois, como vemos por ai. “O que quer ser quando crescer?” “Político! Ser qualquer coisa lá me Brasília, ué! Quer vida melhor do que essa?”. É ta feia a coisa, meu caro. O apagão ideológico está presente nos mínimos detalhes desta campanha eleitoral. Vemos bandeiras pelas ruas, vemos muitas por sinal, mas me diz quem é que sabe que bandeira está levantando? Tem quem ande de bicicleta pela orla carregando cartazes, tem quem distribua santinhos pelas ruas e vê isso apenas como oportunidade de ganhar um dinheirinho extra. Não há o mínimo constrangimento em levantar uma bandeira da qual não se conhece as intenções, não há o mínimo receio em vestir a camisa de candidatos os quais não se acredita. Tudo isso fruto do colapso ideológico que vivemos. Mal sabem eles que pagaremos caro por isso. Nós, eleitores, estamos perdendo a sensibilidade política; eles, candidatos, estão perdendo a representatividade política. Caminho sem luz, sem volta e sem rumo que estamos tomando. É preciso, e possível, repensar o caminho que devemos seguir!
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
abuse
O silêncio diz mais. Muito mais que as palavras. Os sintomas da solidão me fazem explorar o eu com a maior profundidade já percebida. E é nessa agressiva cobrança que encontro a sutil resposta. A resposta sem palavras, digo, a resposta visual. O meu visual interno de imagens confusas, sombrias, multisemânticas, um caleidoscópio compreensivelmente incompreensível. Sou eu. Uma delas, ou algumas delas. Não todas. Amo os meus Eu como nunca amei, amo os meus Eram e num misto de delicia e receio amo meus Serei. É como se eu me bastasse por não me entender, e assim só me experimento. Na verdade é exatamente isso. Sem a prisão da certeza posso controlar a mim mesma. E controle é liberdade. Controlar meu Eu é inexplicavelmente alucinante. Como uma droga de danos irreversíveis. Já não sou mais a mesma e vivo para isso. Mudança constante em infinitas dimensões. Na insignificância da vida material reconheço a grandeza espiritual que habito. Sons, imagens, toques, mãos, muitas mão e energia. Quero ser explorada por mim e por todos. Pode abusar de mim, eu deixo, eu quero e admiro. Abusemos de mim.Corpo:Carne desprezível pela podridão que não consegue esconder, carne admirável como instrumento do eu.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Anos engordurados
“Imagino-me procurando um lugar para almoçar: decidi levar uma vida mais saudável, procuro por um restaurante de comida natural! Que faça bem ao meu organismo, que contribua para o funcionamento do meu corpo, que não seja tão caro, quem sabe. Mas, de repente, a logo do Mcdonalds aparece na minha frente me dizendo que eu amo muito tudo aquilo, e as figuras coloridas das comidas gordurosas, imperialistas e de péssima digestão me chamam atenção. Me chamam muita atenção! Eu juro que queria comer uma comida natureba, minha intenção era realmente essa! Juro! Mas não dá, já faz parte de mim, e quer saber? Eu sempre comi Mcdonalds e estou vivinha até hoje. Talvez eu até ame tudo isso mesmo e essa onda de ser natural seja só moda. Um dia só não faz diferença! Embora seja verdade que não ando tão bem da saúde e que minhas taxas estão desreguladas e que mais uma vez faz sim toda diferença ... na verdade, a saúde vai péssima!” O horário eleitoral já começou e eu fico aflita, muito aflita mesmo. Não só pelo formato oldfashion o qual os candidatos se apresentam mas por eu assistir àquilo sentadinha no meu sofá. Ah, é assustador também ver a Dilma numa TV de 40 polegadas, mas a imagem fica pequena quando as palavras começam a tomar a forma do poder que as proferem. Formas feias, sinuosas, agressivas e imponentes com a estúpida intenção de seduzir quem está em casa. Formas destorcidas descaradamente, como se não fossemos capazes de perceber que há um certo photoshop na realidade que vivemos diariamente. Comercializaram as eleições! Agora é bem fácil distinguir os partidos só pela forma e pelo budget das propagandas. Dá pra perceber quem é o Mcdonalds. Nós, desprovidos de educação política, desprovidos de bons exemplos de vida pública, nos deixamos enganar por uma bela propaganda. Por uma logo vermelha. Uma logo que dá fome, até! Aí mora o perigo. É bem verdade que em todo fast-food há um cardápio mais saudável e digerível, mas perto das deliciosas e tentadoras gordinhas e salgadinhas batatas fritas, a salada não tem espaço; se tornam praticamente invisíveis.
Minha intenção não é fazer com que as pessoas parem de comer no Mcdonalds, mas sim que elas tenham consciência de que elas são o que elas comem, assim como o país é o reflexo da sociedade, assim como os governantes são o que escolhemos. Não adianta reclamar da saúde, das taxas desreguladas e muito menos se livrar da culpa. Nós escolhemos digerir mais 4 anos de Mcdonalds; faça bem ou mal, a escolha é nossa.
Minha intenção não é fazer com que as pessoas parem de comer no Mcdonalds, mas sim que elas tenham consciência de que elas são o que elas comem, assim como o país é o reflexo da sociedade, assim como os governantes são o que escolhemos. Não adianta reclamar da saúde, das taxas desreguladas e muito menos se livrar da culpa. Nós escolhemos digerir mais 4 anos de Mcdonalds; faça bem ou mal, a escolha é nossa.
terça-feira, 13 de julho de 2010
paisagem inútil
É como olhar pro sol e não se entregar ao calor que bate no rosto, que aquece o coração gelado pelas sombras do dia-a-dia. De que servem as flores se não enfeitam meu jardim? De que servem as flores se eu não sinto o perfume delas ? De que serve o vento se com ele não leva a dor? É a paisagem inútil e soberana. Disponível. Que nos encara calada. Linda nos dias de amor. Hoje ela é feia e distante. O sol é tão distante que não aquece meu coração. Inútil. Mas a paisagem está lá e amanhã ela vai acordar linda como sempre. Os óculos que eu puser amanhã vão descrever a paisagem que me espera. Boa noite.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Aquecendo os tambores.. VALENDOOOOO!
É bem verdade que eu só uso verde e amarelo de quatro em quatro anos. Não sou ufanista, patriota cega e fanática. Nunca fui. Mas o orgulho do Brasil, a paixão, o carinho por esse país sempre foi imenso. Aquela paixão que só os brasileiros têm, sabe? E de quatro em quatro anos, quando eu visto essa combinação (bem estranha) verde e amarela, meu coração ganha um ritmo diferente e até entendo mais de futebol, arrisco um impedimento, xingo o juiz e defendo a terrinha até os 50 minutos do segundo tempo se for preciso. Por esse e por outros motivos não vim aqui pra falar mal da nossa seleção- ou melhor, da seleção do Dunga- até por que seria repetir o que mais tem se falado. Pensei em falar da minha frustração em colecionar o álbum da copa e de como foi legal ver que a Panini também não acertou nada das convocações. Mas como eu amo ser clichê, vou falar do primeiro jogo. A estréia da seleção não foi boa mesmo, o nosso técnico escondeu tanto nos treinos que não conseguiu mostrar no jogo. A disciplina ditatorial Coreana quase nos custou um empate. Achei que a democracia fosse ganhar de uns 3 gols de diferença, mas as surpresas do futebol são o que faz, pra mim, esse esporte ser tão fascinante. Afinal, que vascaíno não se lembra do gol do pet da final do carioca 2001? Pois é, surpresinhas desagradáveis a parte, o futebol é feito do inesperado. Mas espera aí, não to dizendo que a coréia vai levar o título não, engraçadinho. Estou tentando mostrar que esse primeiro jogo foi só para testar como vai o coraçãozinho, aquecer os tambores, ou mesmo pra mostrar que nada combina com verde e amarelo!
quinta-feira, 20 de maio de 2010
A Vírgula.
Certa vez quando eu era criança meus pais foram convidados pela diretoria do meu colégio para uma reunião particular. Era assunto grave segundo a carta. Grave e impreterível. Nervosos e curiosos, como em toda primeira vez, meus pais compareceram na hora exata. Foram recebidos pelos olhos intrigantes e firmes de uma senhora de meia idade. O assunto foi só um: a minha vírgula. Já haviam me alertado sobre essa minha infame, mas eu realmente não alcancei a gravidade da minha vírgula. Não podemos admitir a permanência de sua filha, disparou pela boa seca e irritantemente colorida de vermelho. Uma aluna exemplar. Boas notas. Ótimo comportamento. Se fosse um ponto final, umas reticências... Até um ponto de interrogação nós aceitaríamos, porém, ela tem este gravíssimo problema, a vírgula; completou. Meus pais saíram envergonhados e com uma dor latente na cabeça, misto de pena e culpa. Tadinha, eu ouvi por trás da porta. O espelho só me mostrava a vírgula. Nunca vi junto a ela algo errado. Nunca. Não devia incomodar a ninguém, era ela e eu, canalhice por cúmplices declaradas, mas ingênuas. Não tinha culpa eu pela minha vírgula. Não tenho. E, até hoje, nem sinto culpa por causar tal desespero aos que identificam em mim a vírgula. Nunca entendi porque a discriminação. Nunca havia entendido até certo dia. Até um dia comum de bebedeira sem causa. Cruzei o olhar, os cílios longos, olhos perfeitos dividiam a minha atenção com sua boca. O sorriso era cínico, patético e apaixonante. Não era justo que houvesse em uma só pessoa toda essa soberana beleza. E não era a beleza estática de personagens rasos que podemos ver através de um único ângulo estampado nas esquinas sujas de uma rua qualquer. Era a beleza invejável, chegava a incomodar. Sabe como é? Dói. Chegava a doer de tão bonito. Nossos olhares se cruzaram pela segunda vez e ali ficou. Até hoje meu olhar nunca volto. Está perdido. Até hoje. Perdido. Parou no exato momento que eu encontrei bem ali, no lado esquerdo da boca, estrategicamente localizado. Naturalmente. Ali bem no cantinho esquerdo. A vírgula. Além da minha, nunca tinha visto uma vírgula. Nem o esboço de uma vírgula eu tinha visto.E era igualzinha a minha. Era o segredo de uma pessoa perdida. Meu avô me dizia que a minha vírgula era a certeza de que tinha muito mais para acontecer. Era a certeza do presente incerto. Talvez mostrasse também que por trás de um sorriso bonito, vírgula, poderia haver muito mais. Nunca entedia muito bem as explicações vagas do meu Vô, mas naquele instante eu entendi tudinho. Era exatamente isso: incompreensível e insuportável. Entendi toda discriminação que eu passei e perdoei a todos. Aquela imagem do sorriso e a vírgula, da vírgula, tomaram conta de todos os meus pensamentos. Situação insustentável. Não queria mais chegar perto daqueles olhos pidões nem tampouco daquela boca sugestiva de vírgula perigosa. Não suportaria conviver com tamanha responsabilidade. A vírgula exigiria de mim uma continuidade e eu não suportaria tamanha responsabilidade. Jamais.Beijar uma vírgula é como se entregar a vida, altamente perigoso. E cada vez mais eu entendia e perdoava todos que me discriminavam. Era mesmo um deboche aquela vírgula. Só alguém de muita coragem para beijá-la. Eu? Não tenho mesmo. Coragem de beijar uma vírgula? Coragem de se entregar a vida assim sem avistar sequer um ponto final? Eu não tenho, não. E então? Nada. Minha vírgula está guardada para uma coragem insonhável.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Um assalto muito louco
Dizer que a violência no Brasil é algo alarmante já se tornou clichê. Entretanto, a capacidade de reinvenção nos acontecimentos trágicos – sejam eles morais ou não - é uma arte exclusivamente humana, mas essa semana até o clichê se surpreendeu com a última notícia dos jornais. Seria cômico se não fosse trágico: um assalto dentro de uma delegacia. Diante desse inacreditável acontecimento, fatores como a capacitação dos servidores públicos, a desmoralização da polícia e o processo de desconstrução de valores vivido pela nossa sociedade devem ser analisados.
Projetos de capacitação dos profissionais se tornaram freqüentes promessas políticas e, verdade seja dita, em alguns casos essas promessas são cumpridas, contudo, ainda estamos longe de sermos protegidos por profissionais de alta qualidade. No caso do assalto à delegacia de Salto, interior de SP, a justificativa para a não intervenção na briga entre vítima e assaltante foi, segundo o escrivão, a incerteza de que se tratava de um assalto. Suponhamos, então, que um membro da polícia não tivesse o dever de identificar um assalto, a agressão a uma mulher já não é um motivo plausível para sua intervenção?
Nós inventamos a moral, ou seja, nós mesmos podemos destruí-la. Na verdade, não é assim que pensam os homens quando cometem um ato imoral, mas com certeza o princípio, mesmo que inconsciente, é esse. Entretanto, não é justificável nem tolerável a desmoralização da polícia. Nós, cidadãos, devemos sim respeitar os poderem atribuídos aos policiais; devemos, por conseqüência, respeitar a delegacia, o homem que carrega uniforme, e a hierarquia estabelecida por ele. A liberdade garantida a cada um de nós não deve ser confundida com libertinagem, pois a história conta que para a organização de uma sociedade é necessário sim que haja poderes de intervenção a ela.
Há ainda um fator a ser analisado: os valores da nossa sociedade. Essa discussão é talvez a mais importante, pois é na construção ou na desconstrução desses valores que todos os outros possíveis argumentos são baseados. A casa, enquanto lar, já não tem o mesmo valor semântico agregado a ela há tempos atrás. Podemos entender melhor a frase anterior como a desvalorização da família, mas o que isso tem a ver com um assalto a uma delegacia? Tudo. Se não damos valor ao nosso lar e a nossa família, qual a importância de respeitar o poder público ou uma delegacia, por exemplo? Está na hora de enxergarmos o óbvio.
Não dá mais para culpar isoladamente um cidadão e seu padrão social pelos escândalos noticiados. Quando vamos perceber que somos todos inevitavelmente ligados uns aos outros e a correção de nossos atos falhos devem ser feitos de maneira universal? Ou melhor, quando vamos querer perceber isso tudo? A resposta dessas perguntas não virá em palavras, nem tampouco proferidas por um santo homem. A resposta está entre nós, é só abrir os olhos.
Projetos de capacitação dos profissionais se tornaram freqüentes promessas políticas e, verdade seja dita, em alguns casos essas promessas são cumpridas, contudo, ainda estamos longe de sermos protegidos por profissionais de alta qualidade. No caso do assalto à delegacia de Salto, interior de SP, a justificativa para a não intervenção na briga entre vítima e assaltante foi, segundo o escrivão, a incerteza de que se tratava de um assalto. Suponhamos, então, que um membro da polícia não tivesse o dever de identificar um assalto, a agressão a uma mulher já não é um motivo plausível para sua intervenção?
Nós inventamos a moral, ou seja, nós mesmos podemos destruí-la. Na verdade, não é assim que pensam os homens quando cometem um ato imoral, mas com certeza o princípio, mesmo que inconsciente, é esse. Entretanto, não é justificável nem tolerável a desmoralização da polícia. Nós, cidadãos, devemos sim respeitar os poderem atribuídos aos policiais; devemos, por conseqüência, respeitar a delegacia, o homem que carrega uniforme, e a hierarquia estabelecida por ele. A liberdade garantida a cada um de nós não deve ser confundida com libertinagem, pois a história conta que para a organização de uma sociedade é necessário sim que haja poderes de intervenção a ela.
Há ainda um fator a ser analisado: os valores da nossa sociedade. Essa discussão é talvez a mais importante, pois é na construção ou na desconstrução desses valores que todos os outros possíveis argumentos são baseados. A casa, enquanto lar, já não tem o mesmo valor semântico agregado a ela há tempos atrás. Podemos entender melhor a frase anterior como a desvalorização da família, mas o que isso tem a ver com um assalto a uma delegacia? Tudo. Se não damos valor ao nosso lar e a nossa família, qual a importância de respeitar o poder público ou uma delegacia, por exemplo? Está na hora de enxergarmos o óbvio.
Não dá mais para culpar isoladamente um cidadão e seu padrão social pelos escândalos noticiados. Quando vamos perceber que somos todos inevitavelmente ligados uns aos outros e a correção de nossos atos falhos devem ser feitos de maneira universal? Ou melhor, quando vamos querer perceber isso tudo? A resposta dessas perguntas não virá em palavras, nem tampouco proferidas por um santo homem. A resposta está entre nós, é só abrir os olhos.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Um mundo distante
Imagine-se que em um mundo hipotético, muito distante daqui, a raça humana esteja sofrendo um colapso. Momento crítico. Uma raça dividida em dois povos. Dois povos que dividem o tempo, o espaço e as miseráveis condições de vida. Dividem, também, miseráveis ideologias. Ideologias já fracassadas que se mantêm mascaradas, maquiadas, corrompidas, mas que ainda assim disputam o poder. Disputam a liderança desse mundo de miséria e descrença, mas que com um bom “lancôme” se vê como um mundo de luxo. Os povos desse mundo alimentam ódio mútuo- e a si próprios- e discursam em bom tom e belas palavras de igualdade, esperança e amor a evolução patética do homem.Olham para o passado e se vêem filhos, olham pro futuro e se vêem pais.Nesse mundo o qual pais e filhos se matam, o passado é a certeza do retrocesso e o futuro é a incerteza da paz . Mundo de crianças pálidas no reino da ignorância onde até a esperança passa fome. Nesse mundo a natureza é limitada e um dia tudo isso vai acabar, ou melhor, os homens vão se acabar. Pois aconteça o que acontecer, o mundo vai voltar de alguma forma e dos dois, quem não irá resistir ao colapso, certamente, serão os homens. Mas eles não enxergam, pois é um mundo de cegos deprimidos, de comprimidos baratos, de homens que lavam a alma encardida em sessões cínicas de terapias incoerentes. Nesse mundo onde homens morrem pra matar o pior é a morte despercebida, em silêncio, pouco a pouco. Mas não se preocupe, esse mundo não é o nosso, lembra ?
terça-feira, 27 de abril de 2010
Esquecidos
Esses dias eu estava procurando incansavelmente uma caixinha. Uma daquelas caixinhas que colocamos as coisas esquecidas, as pessoas perdidas e as distantes lembranças de romances de tarde. Mas ironicamente esqueci onde eu coloquei a caixinha do esquecimento. Procurei, quase que desesperadamente, mas não encontrei. Deve estar perto do amor que eu nunca tive ou da saudade que tenho do que ainda não vivi. Deve estar ao lado dos amores de que tanto falo e de que pouco provei. Deve estar perto das palavras que busco e não alcanço. Deve estar perto de mim e se isso for realmente verdade tenho uma notícia ruim para me dar. Se um dia eu achar essa caixinha, e achar a mim mesmo sofrerei grande risco de voltar a ser sóbria. Minha insanidade que problematiza as coisas simples e me alimenta viciosamente poderá não existir mais.E meus amores também estarão lá do meu lado, perto das palavras que rondo, rondo, e inevitavelmente insisto em rondar. E no dia que eu encontrar as palavras, os meus amores e minhas saudades e a caixinha das coisas esquecidas, não estarei mais perdida. E então minha busca cessará, e estarei plana, linear, previsível, completa. Adjetivos que tirarão minha angústia que tanto prezo. Angústia que faz sentir o friozinho na barriga o arrepio na espinha e que alimenta a busca por mim mesma. E se esse dia chegar e se eu me encontrar, meu Deus, não quero mais viver!
terça-feira, 13 de abril de 2010
A fresta ensolarada do ontem sem amanhã
Mesmo que o tempo passe e até já passou ou mesmo que a gente acabe o que eu guardo é você em mim, seu beijo no meu e nosso olhar perdido. Na verdade, o olhar perdido era o seu, mas me levou contigo e assim não se encontrarão jamais. O último toque antes de ir é como se fosse o primeiro de saudade, porque não tem saudade e não tem adeus. Não tem começo e, talvez por isso, não tem fim. Não tem nada além, nada a ser medido ou vivido ou cobrar o que não se tem. Não espero nada a não ser o próximo beijo seu, e o beijo meu que você guardou em ti. Talvez nem isso eu espere e falar disso até parece falar de flor para quem prefere a dor. Então falarei de flores e as dores se convencerão de que amores não são em vão. E você e eles e eu, talvez, entendamos que não teve amor, nem flor e nem dor. Só tivemos nós dois.
sábado, 3 de abril de 2010
Água fria
Céu azul e as pessoas nas ruas anunciam que o dia é de alegria. Mas o céu pra mim é cinza e minha voz não está assim tão a vontade para anúncios românticos de gentinha de esquina. Ainda assim levanto da cama. Dois pés e alguns calos pelados no chão. A imagem do espelho não é bonita. Nem tampouco bela. "Água fria, menina", se minha mãe estivesse aqui ela diria isso. Como se a temperatura da água fosse curar desilusão. "Água fria não cura, mas esfria a cabeça" ela completaria. Mas eu prefiro ela quente. Como de costume, viajo com as gotas contornando minhas curvas e tentando entender como elas podem seguir aqueles caminhos, tão determinadas, se são apenas gotas. Eu não sei meus caminhos mais bestas e essa gota sabe aonde ir. Com os pés pelados e calejados, mas agora frescos, ando até o quarto para cobrir minha pele clara de maneira cinicamente descente. Minhas partes mais ousadas andam por ai despidas. Mas isso não importa mesmo porque ninguém mais escuta. Depois de colocar minha camisa velha do tempo de escola eu retomo o raciocínio. Filho da mãe! Ele não podia dizer aquilo. Não depois de eu pagar dez sessões de terapia. Ele não podia voltar, e agora eu só penso nele. Vou dar um jeito nisso! Nada como uma ducha fria.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Levanta a mão quem for ...
Hoje me perguntaram se eu era de esquerda ou de direita e eu não soube responder.
Acho que para ter uma resposta fundamentada preciso de referências. Onde está o centro? Esquerda de quem? Direita de que ?
Em meio a ideologias flutuantes fico sem resposta.
Acho que para ter uma resposta fundamentada preciso de referências. Onde está o centro? Esquerda de quem? Direita de que ?
Em meio a ideologias flutuantes fico sem resposta.
sábado, 13 de março de 2010
Falar de valores é algo, definitivamente, contraditório. O valor é agregado por nós, nada tem seu valor absoluto. Esse é o principal motivo que me faz ser apaixonada por publicidade. Encontrei esse site muito irado de propagandas digamos, assim... um pouco desapropriadas, mas geniais!
então, aí vai: www.desencannes.com.br
então, aí vai: www.desencannes.com.br
quarta-feira, 10 de março de 2010
estrelas,
A estrela no céu: brilha, vaga. Por sua dimensão nos ilude e confunde.É um ponto de longe, mais um ponto de longe. De perto é grandioso, absoluto e de tão fascinante cega seus admiradores. Parece estar perto de um monte de outras estrelas que brilham tanto quanto ela e assim se misturam e parecem até iguais, de longe. Aparentemente sem profundidade se tornam insignificantes e pela certeza de estarem toda noite no céu, são esquecidas. Mas apesar de esquecidas elas brilham e apesar de não existirem mais elas podem ser vistas e admiradas. Estrelas são ilusão, eu estou falando de mim.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Olhos da cidade
Olhos da cidade não perdoam. Olhos famintos que não deixam escapar nada, ninguém sai ileso, ninguém sai íntegro. Olhos de desprezo cruzam com os de desespero e, apesar de irmãos, não se reconhecem. Olhos cruéis de medo e desejo, olhos famintos. São olhares fatais e silenciosos que matam, sem dó, qualquer esperança. Olhos de desprezo são lindos, olhos lindos de dor. A beleza nada tem a ver com bondade, a beleza é externa e cruel. Olhos famintos pedem ajuda, mas os outros olhos não vêem. Olhos da cidade são sujos e são lindos quando sujos.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Desamor
O amor é clichê. Tema de música, arranjo de flores, Sonho.Mas geralmente esquecemos de falar do cara que nos ensina o "amar" de verdade: O Desamor. É ele que nos conhece, crua e nua. Sem planos. Nos pega desavisada, sem chance de fingir, de omitir sentimentos. É no desamor que começamos a amar. É o sofrer sem medo; ou não: é descobrir que estar só é o amor mais complexo e divino. O amor intransitivo só é possível com o desamor. É no desenrolar desse fio que começamos a entender que amar não é saber. Amar é para poucos e para todos, não adianta aprender, e muito menos querer ensinar. É para os que não sabem amar, é para os que querem descobrir. Por que: amar sabendo não é amor.Estranho, não ? Mais entranho é descobrir que o "amado" é coadjuvante do amor. O amor é muito particular. Está na gente. Não está em ninguém além de você. O amor é seu: único, patético, presente, ausente, constantemente mutável; mutável, inconstante.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
se reconheça!!
Eu me procuro, me acho, mas ainda não me conheço.
Eu me pergunto, me respondo, mas ainda não me conheço.
Luto, consigo, mas ainda não me conheço.
Então eu amo, eu sofro, e ai sim me conheço.
Eu me pergunto, me respondo, mas ainda não me conheço.
Luto, consigo, mas ainda não me conheço.
Então eu amo, eu sofro, e ai sim me conheço.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
esperança, pra quê ?
O que esperamos é sempre maior do que temos em mãos. É mais gostoso viver de esperanças, fazer o bem por esperar boas recompensas e usar otimismo para mascarar a dificuldade de enxergar o presente. É difícil mesmo, e eu não estou aqui para facilitar esse entendimento. Usar o que tem em mãos, fazer do pingo de tinta uma obra de arte, fazer da palavra mal dita o começo de uma frase de conforto. Fazer da dificuldade crescimento pessoal é, talvez, a maior das virtudes de um homem. Na maioria das vezes só percebemos essa oportunidade quando a perdemos. Mas pense. Pense que para aprendermos é preciso que a necessidade do aprendizado venha, para evoluirmos é preciso que o reconhecimento de nossa fraqueza aconteça dentro nós. É preciso deixar que a onda venha e derrube se for preciso, para aprendermos que o mar cura, mas também, silenciosamente, afoga. A virtude do homem torna-se então sublime. Olhe para dentro, reconheça os erros, recorra a você mesmo e obtenha resultados, Agora.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
sábado, 6 de fevereiro de 2010
desafinada
O corpo mostra o que o coração sente ou o coração sente o que ao corpo toca? A conversa entre corpos e almas - entre almas - e a dança entre corpos é o que chamamos de relacionamento. Algumas danças são contínuas, em sintonia com a música lenta, clássica e certa... Outras desafinam e os corpos se esbarram de maneira não planejada, e as almas conversam, e as almas discutem e os corpos se afastam e a música para. Só o natural envolvimento dos corpos pode fazer com as notas retomem a forma e as formas dos corpos se toquem. Mas só a alma pode envolver os corpos. Então as almas, os corpos e a dança -em sintonia- tomam formas e cores e cheiros e lembranças. A música não é mais "ao vivo". Agora é só lembrança.Os corpos se olham, distantes, e as almas conversam; mas já não se envolvem mais.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
cigarrette 34
A inocência é mesmo o maior vilão. E o pior é que não ser inocente é quase que uma ofensa a sociedade. É preciso acreditar! Ora, afinal em um país em que a crença é o que nos faz manter assim... Quietos, calados. Quase que imóveis. Não consigo. Pra falar a verdade eu até consigo mas é muito incômodo, é quase que vestir aquela calça 36 num corpinho 40 só pra mostrar que você pode!! Afinal, andar incomodado -apertado!!!- para manter a aparência é tradição. Ou você não anda assim ?
Eu quero mais, quero que me mostre, que me prove. Quero que responda minhas perguntas sem hesitar.. Não acredito mesmo e nem vou continuar assim: de olhos guiados.
Eu quero mais, quero que me mostre, que me prove. Quero que responda minhas perguntas sem hesitar.. Não acredito mesmo e nem vou continuar assim: de olhos guiados.
sábado, 30 de janeiro de 2010
não me dê ouvidos
O que te faz amar ? É deliciosamente misterioso o ato de amar e na maioria das vezes que tentamos desvendá-lo o amor acaba. Ele é bom por não ser previsível, por não ser paupável e por ser incontrolável. Vai, me diz.. Você já achou o amor ? já conseguiu definir em alguém que voce ama que te faz amá-lo? SE sua resposta foi não, parabéns, o sue amor anda perdido, vagando. Esse é o amor que eu falo. O amor que eu sinto! O meu amor vaga, incorpora, se multiplica e se reduz, some. Não cabe na mão, no coração nem pensar. Não tente achar seu amor, ele está em você, está em tudo que vê, que toca ou respira. Está em todos os sentido, vagando por todos os corpos, pelos ritmos ... Então hoje deixe seu amor escapar, liberte-o e sinta como é bom amar!
T.S.:Quelqu'un m'a dit - Carla Bruni
T.S.:Quelqu'un m'a dit - Carla Bruni
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Sugeridão!
Boa música, bom artista ..Vale a pena conhecer!
Jens Lekman - The Opposite Of Hallelujah
http://www.youtube.com/watch?v=x4K90J59LQ4
Beijinhos e até amanhã!
Jens Lekman - The Opposite Of Hallelujah
http://www.youtube.com/watch?v=x4K90J59LQ4
Beijinhos e até amanhã!
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Calado
Bastava uma palavra. Ou meia palavra pra dizer que não quer dizer nada. Bastava só eu ouvir qualquer coisa pra eu te sentir presente. E então eu tenho o silêncio e você na cabeça. Mais você que o silêncio. E o silêncio é gigante, é enorme. Você é maior. Você e o silêncio combinaram de me perturbar e me distrair de tal forma que só existe vocês dois. Você e o silêncio. O silêncio é grande e você ainda maior já não cabe mais aqui dentro. Eu coloco pra fora palavras com pedaços de você, Você escuta mas não responde. Cadê você ? Agora só o silêncio está perto de mim. Você quer a distancia e eu quero o som da sua voz, mas com essa distancia não é possível te ouvir. Então chega mais peto, rompe o silêncio e cala a minha boca. Minha boca cheia de argumentos meus só pede pelos beijos seus.
Desabafo 1 (2009)
Desabafo 1 (2009)
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
premier
Alguém me disse que uma das coisas que devemos fazer na vida é plantar uma árvore. Eu planto várias e pretendo plantar mais um monte. Nem todas são feitas de galhos e folhas, pra falar a verdade até agora nenhuma é, de fato, uma árvore comum. Mas todas elas darão frutos, o resultado concreto, colhido quase que por minhas próprias mãos, dos sonhos que semeio.
Hoje eu plantei uma árvore.
Hoje eu plantei uma árvore.
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